Na sequência da World Humanities Conference 2017, a Conferência Europeia das Humanidades (CEH), organizada pela UNESCO, pelo CIPSH e pela FCT. Com o título European Humanities and Beyond, esta iniciativa visa uma melhor articulação das estratégias de I&D, nacionais e europeias, de forma a possibilitar uma resposta conjunta e mais eficaz às problemáticas societais da Europa, incluindo as responsabilidades europeias além-fronteiras, nomeadamente no que diz respeito às crises globais.
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Marcelo sublinha importância das Humanidades nas decisões sobre políticas públicas (05/05/2021 12:37 – LUSA)
Lisboa, 05 mai 2021 (Lusa) – O Presidente da República defendeu hoje a importância das disciplinas das Humanidades e das Ciências nas decisões sobre políticas públicas, durante uma conferência internacional que irá lançar a “Declaração de Lisboa em Investigação e Inovação em Humanidades”.
“O mundo em que vivemos é complexo”, disse Marcelo Rebelo de Sousa, sublinhando que “nenhuma sociedade ou comunidade tem futuro sem conhecimento e sem colocar esse conhecimento como fundação das suas decisões sociais e económicas”.
O Presidente da República saudou o facto de a conferência “Humanidades Europeias e Além”, que hoje começou em Lisboa, sublinhar “a importância das Humanidades nestes tempos críticos”.
“Os problemas complexos e multidisciplinares exigem abordagens que combinem uma contribuição integrada” das várias disciplinas, disse Marcelo Rebelo de Sousa, na sessão de abertura do evento organizado pela Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) e Conselho Internacional para a Filosofia e as Ciências Humanas (CIPSH), no âmbito da Presidência Portuguesa do Conselho da União Europeia (UE).
Também o ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior de Portugal, entre outros oradores, defendeu a necessidade de estabelecer pontes entre diferentes campos e disciplinas.
“Não é apenas um lugar-comum, é uma necessidade para a evolução da sociedade, manter um balanço (equilíbrio) entre as diferentes áreas de Investigação e Desenvolvimento”, disse Manuel Heitor, sublinhando também “a importância de se saber mais de Humanidades, desde as artes à literatura”.
E foi precisamente através de um livro escrito há três séculos, em 1722, que a diretora-geral adjunta da UNESCO tentou salientar a importância das Humanidades para compreender a sociedade e conseguir encontrar soluções dos problemas do dia-a-dia.
Gabriela Ramos recordou o livro “Diário do Ano da Peste”, de Daniel Defoe (autor do famoso Robinson Crusoe), que retrata a sociedade de Londres durante a Grande Peste de 1665 e mostra como os fenómenos são cíclicos e as atitudes se repetem: “A humanidade já viveu isto e aviso que vai viver novamente”.
“Para entender uma pandemia temos de entender as inter-relações entre diferentes entidades, desde o clima, à geografia e à história. Temos de aprender com o passado para preparar o futuro e as humanidades são os guardiões desse conhecimento”, disse Gabriela Ramos.
“Não vale a pena ter os maiores avanços e soluções médicas se depois as pessoas as rejeitam. Temos de perceber como é que as pessoas tomam decisões, em quem confiam e onde procuram informação, em especial no mundo digital em que vivemos”, alertou, sublinhando que “este é um conhecimento difícil, senão impossível, de adquirir sem as humanidades”.
Também Guilherme D´Oliveira Martins, administrador da Fundações Calouste Gulbenkian, escolheu um escritor para demonstrar como “as humanidades são uma fonte de criatividade e inovação”.
“As grandes nações escrevem a sua autobiografia em três manuscritos: o livro dos seus feitos, o livro das suas palavras e o livro da sua arte”, disse, citando o poeta John Ruskin, acrescentando que “nenhum destes livros pode ser entendido se não tivermos os outros dois”.
Segundo a organização do evento, durante a conferência será lançada a “Declaração de Lisboa em Investigação e Inovação em Humanidades”, que prevê o reforço da ciência aberta, da mobilidade de investigadores e estudantes e da interdisciplinaridade, no sentido de um desenvolvimento científico, económico e social assente numa maior interação entre Humanidades e Ciências em todos os graus de Ensino até ao Doutoramento.
Até ao final do ano, a declaração deverá contar com a assinatura de vários países, instituições de ensino superior, sociedades científicas e outras instituições envolvidas.
SIM // JMR
Lusa/FIM