Três novos desenvolvimentos tecnológicos associados à capacidade científica nacional serão apresentados este sábado, no Porto, à Comissária Europeia para a Inovação, Investigação, Cultura, Educação e Juventude, Mariya Gabriel, que visitará várias instituições científicas e de engenharia com o Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, no Porto e em Matosinhos, onde ser reúne com cientistas, empreendedores e empresários.

1. 9h30: Centro AICOS da Fraunhofer-Portugal, na UPTEC (Rua Alfredo Allen, 455/461 Asprela/Porto)

Uma nova geração de sistemas ciber-físicos e de inteligência artificial orientados para apoiar a decisão médica e o desenvolvimento – ético e centrado no utilizador – de tecnologias industriais serão apresentados no centro de investigação Fraunhofer Portugal AICOS (FhP-AICOS).

Os investigadores do AICOS estão a desenvolver uma plataforma modular para apoiar a certificação de aplicações de Inteligência Artificial sustentada numa estrutura de ‘blockchain’, que permite rastrear desde os dados que foram utilizados para treinar os algoritmos até à versão exata do modelo que é utilizado em cada decisão. As suas aplicações em saúde e medicina, nomeadamente no suporte ao diagnóstico do cancro do colo do útero, bem como em soluções que assegurem o bem-estar (físico e mental) do trabalhador da indústria no seu ambiente de trabalho, capacitando as empresas para a digitalização e competitividade no setor, serão demonstrados durante a visita deste sábado.

Criado em 2009, o Centro AICOS, “Assistive Information and Communication Solutions”, da Fraunhofer-Portugal – resulta de uma parceria entre a Fraunhofer Society e a Associação Comercial Luso-Alemã, com a Fundação para a Ciência e a Tecnologia e a Universidade do Porto, incluindo atualmente mais de 100 colaboradores e 80 investigadores. O Centro desenvolve atividades científicas e técnicas nas áreas da saúde, agricultura, retalho ou energia recorrendo a Inteligência Artificial, Design Centrado no Homem e Sistemas Ciber-Físicos.

2. 10h30: Centro de Engenharia e Desenvolvimento de Produto (CEiiA (017, Avenida Dom Afonso Henriques 1825, Matosinhos)

Novos sistemas de Observação da Terra de média e muito alta resolução com base nos satélites recentemente adquiridos pela GEOSAT – Global Earth Observation Satellites e a sua evolução para uma nova constelação de satélites orientada para a observação marítima, a Constelação Atlântica, serão apresentados no CEiiA.

A GEOSAT é uma nova empresa portuguesa que presta serviços de Observação da Terra de elevado valor acrescentado, a partir da operação de satélites próprios e processamento avançado de imagens.

A Constelação Atlântica, em desenvolvimento no quadro de cooperação da ESA e da intervenção do AIR Centre – Centro Internacional de Investigação do Atlântico, incluirá até 2025 a Constelação Atlântica Standard, com base em 16 pequenos satélites (20 kg) fornecendo aquisição de dados com uma frequência sem precedentes, e a Constelação do Atlântico de muito alta resolução, com base em 3 satélites para fornecer dados em resolução muito alta com uma revisão diária.

A visita inclui ainda a apresentação de atividades recentes desenvolvidas pelo CEIIA com empresas europeias na área dos produtos e serviços sustentáveis para indústrias tecnologicamente avançadas no domínio automóvel, aeronáutica, oceanos, espaço e mobilidade.

3. 11h30, também no CEiiA em Matosinhos, o INL apresenta o plano nacional de produção de células inovadoras de lítio para baterias:

A participação nacional na Aliança Europeia para novas baterias será apresentada pelo INL – Instituto Ibérico Internacional de Nanotecnologias, durante um mesa redonda com cientistas e empresários, que incluirá a participação da Comissária Mariya Gabriel e do Ministro Manuel Heitor, juntamente com autarcas. A apresentação será centrada na capacidade do INL em desenvolver células de lítio do estado sólido para uma nova geração de baterias, assim como nas oportunidades e desafios científicos e empresariais para cluster nacional Battery Alliance para produzir e industrializar em Portugal de células de lítio com potencial de utilização pela indústria automóvel europeia, bem como outras unidades associadas à cadeia de valor de baterias para veículos elétricos.

Ainda no CEiiA decorrerá às 12h20 uma conferência de imprensa com a Comissária Europeia Mariya Gabriel e o Ministro Manuel Heitor.

Pelas 13 horas, a Comissária Mariya Gabriel visita o Teatro de São João, na Praça da Batalha, no Porto, juntamente com a Ministra da Cultura, Graça Fonseca, e o Ministro Manuel Heitor.

A visita da Comissária Mariya Gabriel termina pelas 14 horas, num encontro informal com investigadores e líderes académicos sob o tema “The New European New Bauhaus – NBE”, que incluirá também a Comissária Elisa Ferreira, a Ministra Graça Fonseca, o Ministro Manuel Heitor e a Presidente da Camara Municipal de Matosinhos, Luísa Salgueiros. O encontro será organizado pela Vice-Reitora da Universidade do Porto, Fátima Vieira, e será realizado no Laboratório Ferreira da Silva no Museu Nacional de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto, no Edifício Histórico da Reitoria (ao Jardim da Cordoaria), Campo dos Mártires da Pátria, 81, no Porto.

Anexo 1: Novos Sistemas ciber-físicos e de inteligência artificial aplicados à saúde, no Centro AICOS da Fraunhofer Portugal, na UPTEC- Asprela, no Porto

A evolução da inovação baseada em dados e a consequente compreensão dos enormes benefícios que esta traz aos cidadãos, é acompanhada da crescente consciencialização de que os sistemas de inteligência artificial devem capacitar os seres humanos, permitindo que estes tomem decisões informadas e promovam os seus direitos fundamentais. Os riscos da tomada de decisão opaca e o valor da confiança são, desta forma, tópicos mais relevantes hoje do que nunca. A Comissão Europeia identificou recentemente os princípios para a utilização confiável da inteligência artificial e os requisitos que orientam o desenvolvimento de aplicações baseados nesta tecnologia cada vez mais pervasiva: ética, regulamentação, justiça, transparência, confiança, segurança e proteção de dados são algumas das diretrizes identificadas.

A inteligência artificial, os sistemas ciber-físicos e desenvolvimento ético e centrado no utilizador de tecnologias aplicadas à saúde e indústria 4.0 têm sido alvo de estudo e dedicação por parte do centro de investigação Fraunhofer Portugal AICOS (FhP-AICOS). No setor da saúde, em particular, têm sido feitos avançados significativos no desenvolvimento de tecnologias baseadas em inteligência artificial que possibilitam o suporte à decisão médica. O apoio ao diagnóstico descentralizado do cancro do útero, usando a tecnologia como ferramenta de fortalecimento da confiança entre os sistemas automáticos e o profissional de saúde, é um exemplo de aplicação da necessária explicação para os métodos de inteligência artificial que apoiam os profissionais clínicos, desde a triagem até a prática clínica diária. Na mesma linha, também o desenvolvimento – ético e centrado no utilizador – de tecnologias industriais tem sido uma forte área de investigação e desenvolvimento no AICOS, sempre contemplando o bem-estar e a saúde do trabalhador, e com vista à capacitação das empresas para a digitalização e competitividade no setor.

Com vista à promoção do desenvolvimento e utilização confiável da inteligência artificial, será apresentada durante esta visita a plataforma de apoio à certificação de aplicações de Inteligência Artificial, um processo inovador liderado pelo centro de investigação, premiado na mais recente edição dos Prémios IN3+ da Casa da Moeda. Esta plataforma permite incrementar a confiança em aplicações baseadas em inteligência artificial através da certificação de algoritmos, permitindo alcançar previsões que sejam interpretáveis, rastreáveis e auditáveis – desde os dados que foram utilizados para treinar os algoritmos até à versão exata do modelo que é utilizado em cada decisão.

Anexo 2: “ATLANTIC CONSTELLATION” e GEOSAT, no CEiiA, em Matosinhos

Os novos sistemas de Observação da Terra de média- e alta-resolução com base nos satélites recentemente adquiridos pela GEOSAT – Global Earth Observation Satellites e a sua evolução para uma nova constelação de satélites orientada para a observação marítima serão apresentados este sábado à Comissária Europeia Mariya Gabriel no CEiiA em Matosinhos.

A GEOSAT – Global Earth Observation Satellites é uma empresa portuguesa fundada em fevereiro de 2021 pela OMNIDEA (55%), pelo CEiiA (35%) e AIR Centre (10%), como um operador de satélites de observação terrestre de média- e alta-resolução. Com escritórios em Évora, Monte da Caparica, Porto, Valladolid e Puertollano a empresa conta com 50 colaboradores na operação e processamento de imagens de satélite para produção de informação e serviços de elevado valor acrescentado.

Com um investimento de €20M a 5 anos, a GEOSAT junta-se ao clube restrito dos operadores privados de satélites de muito-alta resolução (submétrica) e torna-se a primeira empresa portuguesa a deter e operar satélites de Observação da Terra, catapultando o setor espacial nacional para uma nova fase da sua história e abrindo um novo leque de oportunidades associadas à exploração de dados espaciais, à promoção de aplicações e de serviços downstream.

Durante a fase inicial de operação, entre 2021 e 2022, a GEOSAT tem como prioridades fortalecer a sua posição no mercado global de Observação da Terra, reforçar a capacidade na operação e processamento de imagem a partir das equipas em Portugal e Espanha, e estabelecer parcerias para a criação de uma nova geração de satélites de Observação da Terra que venham a substituir os satélites atualmente em órbita.

A Constelação Atlântica, está a ser concebida para vir a incluir duas versões:

• Constelação Atlântica Standard: constelação de 16 pequenos satélites de cerca 20 kg, a desenvolver em cooperação europeia até 2025 no quadro de cooperação da ESA e da intervenção do AIR Centre para prestar serviços marítimos com uma média de tempo de revisita de 3 horas
• Constelação do Atlântico de muito alta resolução: constelação de 3 satélites para fornecer dados em resolução muito alta com uma revisão diária.

Estes sistemas de observação da terra permitirão colocar a indústria portuguesa como um ator internacional de referência em todos os setores da cadeia de valor espacial.

Anexo 3: Células de lítio do estado sólido para uma nova geração de baterias

A participação nacional na Aliança Europeia para novas baterias está a ser promovida pelo INL – Instituto Ibérico Internacional de Nanotecnologias, em colaboração com empresas, autarcas e instituições científicas em Portugal. Pretende-se desenvolver células de lítio do estado sólido para uma nova geração de baterias, assim como produzir e industrializar em Portugal células de lítio com potencial de utilização pela indústria automóvel europeia, bem como outras unidades associadas à cadeia de valor de baterias para veículos elétricos.

A nanotecnologia terá um importante contributo na próxima geração de baterias, nomeadamente na criação de células em estado sólido.

As energias renováveis e o aumento de fontes para a produção dessa energia são prioridades indiscutíveis até 2030 e além. O Pacto Ecológico Europeu definiu, até 2030, reduzir as emissões de CO2 em 55% e, nesse sentido, Portugal e Espanha assumiram um compromisso político de atingir a neutralidade carbónica em 2050.

Além disso, “estima-se que 800 mil novos trabalhadores são necessários na cadeia de valor das baterias na Europa até 2025”, como afirmou recentemente o Vice-Presidente da Comissão Europeia Maros Sefcovic durante a Battery Summit organizada pelo INL.

Trata-se de um impacto significativo nas economias Portuguesa e europeias, bem como um enorme avanço na educação, nas competências de alta tecnologia e nos desenvolvimentos industriais e de negócio, que são aspetos chave para a recuperação e crescimento económicos.

No contexto da energia limpa, os sistemas de armazenamento de energia estacionários e móveis são de extrema importância, e aí o papel das baterias é essencial.

Portugal pode tornar-se efetivamente fundamental no domínio das baterias no sentido do desenvolvimento de tecnologias disruptivas em toda a cadeia de valor das baterias.